Degustação técnica dia 28/03/2015
Hitórico: O Malbec é sem dúvida um dos melhores vinhos da Argentina e a uva tinta mais cultivada nesse país. Sua história começa na França, de onde é originária, exatamente na região de Cahors no sudoeste francês. Mas é na Argentina que essa casta encontrou seu lugar no mundo, o seu “terroir”, ou seja, um conjunto de fatores geográficos, climáticos, geológicos e biológicos indispensáveis para o cultivo da videira e a obtenção de uvas de qualidade, fator fundamental para produzir bons vinhos.
Cahors, a origem: a região vitivinícola de Cahors encontra-se localizada no sudoeste da França, perto da cidade de Toulouse. Nessa região era elaborado, o que se denominava “vinho negro”, pela sua intensa cor, um vinho muito concentrado e denso, o qual era utilizado para dar cor e estrutura a vinhos leves da região de Bordeaux. O nome da uva era Côt ou Auxerrois, este último menos usado. O nome do Malbec provém de um viticultor húngaro, quem fez muito pelo cultivo e expansão dessa casta. O nome era Malbeck, com K no final. Existem rótulos Argentinos que ainda utilizam literalmente esse nome. Hoje a fama e prestígio dos Malbecs Argentinos, influenciaram de alguma forma os vinhos de Cahors, e em vários se seus rótulos aparece o nome de Malbec e não de Côt.
A uva Malbec passou por dificuldades nessa região, sobretudo no final do século XIX, com o ataque de Filoxera, uma praga de devastou grande parte dos vinhedos da França e de outros países da Europa. Outros acontecimentos como importantes geadas em meados do século XX, prejudicaram e muito a vitivinicultura de Cahors. Somente ao final desse mesmo século, um grupo de empresários reconstruíram a indústria e atualmente conseguem bons resultados na produção de seus vinhos.
O Malbec na Argentina: A história começa em meados do século XIX, com o político, escritor e docente, depois presidente da república, o sanjuanino Domingo Faustino Sarmiento. Ele contratou o agrônomo francês Michel Aimé Pouget, que estava no Chile a cargo da “Quinta Normal de Santiago”. Ele levou para a Argentina diferentes castas francesas, entre elas o Malbec. Estas castas foram cultivadas sobretudo na província de Mendoza e San Juan, com grande êxito. Hoje existem cultivos em todas as regiões vitivinícolas da Argentina, e é a uva tinta mais cultivada no país com quase 30 mil hectares. As origens das plantas são diversas, com diferentes clones, somado ao terroir, fazem diferenças as vezes sutis e as vezes maiores, no que refere-se a características organolépticas.
Os diferentes tipos de Malbec: Um típico Malbec Argentino, bem elaborado e de uvas de qualidade, apresenta intensa cor vermelha escura, com reflexos violáceos quando jovem, alguns são quase pretos. No nariz, seus aromas típicos são de frutas vermelhas intensas e maduras como ameixa seca e notas florais de violetas. Quando envelhecido em carvalho, seus aromas tornam-se muito mais complexos, e podem aparecer notas de baunilha, couro, coco, tostados, especiarias, chocolate, café, tabaco, trufas e cravo entre outros. Na boca, boa estrutura, encorpados mas nunca agressivos, já que seus taninos são macios, o que evita a sensação de adstringência. O Malbec é em geral um vinho amável, sedoso e de acidez moderada, com longo final de boca. O Malbec também é excelente como base para vinhos de corte.
O Malbec na França: é muito interessante ver com o terroir influencia as características de uma mesma uva. Se compararmos um Malbec Argentino com outro Francês de Cahors vamos achar diferenças significativas. Na Argentina a uva tem uma maior exposição ao sol, o que resulta numa importante maturidade da uva, tornando vinhos com grande expressão de fruta, acidez moderada e taninos maduros e macios. Em Cahors, isso acontece com menos intensidade, conseguindo uvas de menor maturidade, portanto, vinhos menos frutados, taninos mais duros e acidez maior.
- Vinho 1 - Château de Haute Serre Couvée Geron Dadine
- País: França;
- Região: Sud Oest, Cahors;
- Produtor: Georges Vigouroux;
- Safra: 2005;
- Teor alcoólico: 13,5%;
- Composição: 100% Malbec;
- Visual: rubi com reflexos violáceos, brilho intenso, muito límpido e transparente.
- Aroma: pouco intenso de frutas vermelhas, químico, acetona.
- Gustativo: corpo médio, amargor sobressai, taninos duros, pouca persistência, desequilibrado.
- Nota final: 79,0.
- Vinho 2 - Château de Haute Serre Icône WOW
- País: França.
- Região: Sud Oest, Cahors.
- Produtor: Georges Vigouroux.
- Safra: 2009.
- Teor alcoólico: 14,5%.
- Composição: 100% Malbec.
- Visual: rubi intenso, muito límpido e transparente, brilho intenso, chorão com pernas róseas.
- Aroma: fechado de frutas vermelhas, ameixa, baunilha, condimento.
- Gustativo: corpo médio a encorpado, adocicado na entrada, amargor pronunciado, taninos macios, boa persistência, equilibrado.
- Nota final: 87,6.
- Vinho 3 - Catena Zapata Malbec Nicasia
- País: Argentina.
- Região: Mendoza.
- Produtor: Catena Zapata.
- Safra: 2009.
- Teor alcoólico: 14%.
- Composição: 100% Malbec.
- Visual: rubi intenso, límpido, transparente, brilho intenso, chorão com pernas róseas.
- Aroma: intenso de frutas vermelhas, torrefação, café, caramelo.
- Gustativo: encorpado, boa acidez, amargor sutil, taninos macios, média persistência, muito equilibrado.
- Nota final: 91,0.
- Vinho 4 - Catena Zapata Malbec Argentino
- País: Argentina.
- Região: Mendoza.
- Produtor: Catena Zapata.
- Safra: 2008.
- Teor alcoólico: 14%.
- Composição: 100% Malbec.
- Visual: rubi intenso, límpido, transparente, brilho intenso, chorão com pernas róseas.
- Aroma: complexo, compota de frutas vermelhas, caramelo, coco, café, manteiga.
- Gustativo: encorpado, boa acidez, amargor sutil, taninos macios, longa persistência, muito equilibrado, adocicado. Um vinho soberbo.
- Nota final: 94,2.
- Jantar
- Entrada: Terrine de frango com legumes.
- Principal: Risoto ao malbec com lingüiça toscana e crispy de couve.
- Sobremesa: Pavê de morango com merengue.