Degustações realizadas
Degustação técnica dia 25/04/2015
Tema da Degustaçã: Itália - Piemonte e Vêneto
Importadora: Temps Du Vin
Hitórico:
PIEMONTE: é a mais famosa região vinícola da Itália. Situa-se ao norte. Sua capital é Turim.
Vinhos produzidos no Piemonte:
Tintos: Barolo, Barbaresco, Barbera, Dolcetto, Gattinara, Ghemme, Nebbiolo d’Alba, Spanna.
Brancos: Arneis, Gavi, Asti (espumante, meio doce), Moscato d’Asti (meio doce).
Barolo e Barbaresco: vinhos robustos, que aquecem a alma. Devem ser bebidos com carnes substanciais, massas e os ricos risotos da região. Barolo e Barbaresco estão localizadas nas colinas Langhe, sudeste do Piemonte. Embora ambos os vinhos sejam poderosos e produzidos exclusivamente com a uva Nebbiolo (Nebbiolo provém de nebbia, a neblina que muitas vezes paira sobre o Piemonte no final de outubro, durante a vindima), suas personalidades são muito diferentes. O Barolo é plantado em locais mais íngremes e mais frios, em geral é mais robusto e mais austero. O Barbaresco tende a ser mais gracioso. O Barbaresco é produzido em três minúsculas aldeias: Barbaresco, Neive e Treiso. O Barolo é feito em onze: Barolo, La Morra, Castiglione Falleto, Monforte d’Alba, Serralunga d’Alba, entre outras. Até recentemente Barolo e Barbaresco eram quase insuportáveis ao paladar, a menos que fossem envelhecidos por 10 ou 15 anos, quando a aspereza dos taninos dos vinhos começaria a amaciar. Um Barolo ou Barbaresco verdadeiros exigia uma espera de 20 anos. Essa aspereza se deve em primeiro lugar a uva Nebbiolo que possui alto teor de tanino. Essa uva custa a amadurecer e muitas vezes só é colhida no inicio do inverno, quando a temperatura já está fria. No passado isso significava que a fermentação se processava irregularmente, muitas vezes levando meses para se concretizar. Isso fazia que se extraísse o tanino duro e amargo das cascas da uva. Muitos produtores exacerbavam inadvertidamente a aspereza deixando o vinho amadurecer durante anos em grandes tonéis de carvalho ou castanheira, o que muitas vezes dessecava a fruta e as vezes oxidava o vinho. Como o paladar moderno se volta para vinhos macios e saborosos que possam ser bebidos mais cedo, os consumidores começaram a evitar o Barolo e o Barbaresco. Na década de 1980 os produtores, usando tecnologia moderna, descobriram que o tanino incômodo poderia ser melhorado. A introdução de tanques de temperatura controlável significou que a fermentação poderia ser imediatamente mais quente, mais rápida e mais estável, evitando assim o tanino mais adstringente. O mosto pôde ser bombeado para cima das cascas das uvas, de modo a conferir ao vinho o máximo de cor, e mais uma vez minimizando o tanino áspero. Finalmente os produtores aprenderam a amadurecer o nebbiolo em pequenos barris franceses e envelhecê-lo em garrafas, para não sacrificar a qualidade exuberante da fruta do vinho. Embora hoje a maioria seja feita para beber mais cedo, um Barolo ou Barbaresco com menos de 5 anos ainda está aprisionado por uma fortaleza de taninos e pode ter um paladar monocromático, fechado. Por lei, o Barolo precisa envelhecer um total de 3 anos entre barril e garrafa, o Barolo Riserva 5 anos; o Barbaresco 2 anos entre barril e garrafa, e o Barbaresco Riserva 4 anos.
Vêneto: das três regiões que constituem Tre Venezie, o Vêneto é de longe a mais conhecida. Situa-se no nordeste da Itália. Sua capital é Veneza. É a região Italiana que mais produz vinhos: 75mil hectares de vinhedos cultivados geram nada menos que 850 milhões de litros, numero equivalente a três vezes o total da produção brasileira. Vinhos produzidos no Vêneto:
Tintos: Amarone, Valpolicella, Bardolino, C. Sauvignon, Merlot, Reccioto della Valpolicella (doce).
Brancos: Prosecco (espumante), Soave, Bianco di Custoza, Chardonnay, Pinot Grigio, Recioto di Soave (doce).
Amarone della Valpolicella: o Amarone (o nome significa meio amargo) é produzido na região de Valpolicella, perto de Verona, entre as cidades de Grezzana e Sant’Ambrogio di Valpolicella. Pela legislação Italiana deve conter obrigatoriamente: Corvina (entre 40 a 70%) + Rondinella (entre 20 e 40%) e Molinara (entre 5 e 25%). Pode também conter até 15% de Negrara, Rossignola, Barbera ou Sangiovese e até 5% de outras variedades. Na realidade o vinho é feito na maioria das vezes apenas de Corvina + Rondinella + Molinara. A Corvina dá cor, caráter e maciez; a Rondinella contribui para a estrutura; e a Molinara dá acidez e o delicado toque amargo. As uvas são as mesmas do Valpolicella, porém, enquanto as uvas do Valpolicella são colhidas durante a colheita normal, as uvas para o Amarone passam por um procedimento conhecido como apassimento: ficam na videira um pouco mais, para adquirirem maturação extra. Depois os cachos inteiros são dispostos em caixas ou esteiras por 4 a 5 meses, em vez de serem esmagadas e fermentadas após a colheita. Isso faz com que as uvas se passifiquem, concentrando açúcar e sabor. Quando secam e viram passas perdem 1/3 do peso, principalmente de água. Quando são esmagadas e fermentadas, o vinho resultante é opulento, muito encorpado, com teor alcoólico acima de 15%. Um outro fator pode afetar a bebida: eventualmente, em anos mais úmidos, alguns cachos são atacados pelo fungo Botrytis cinerea, também conhecido como “podridão nobre”. Esse ataque é sempre bem vindo pois imprime mais maciez, complexidade e intensidade aromática ao vinho. O vinho é amadurecido, por lei, em barris de carvalho durante um período mínimo de 25 meses. O barril tradicionalmente utilizado é de tamanho grande (5.000 litros), e de madeira usada. Alguns produtores já começaram a usar recipientes menores de madeira nova, imprimindo aos seus produtos um estilo mais moderno. Esse estágio em madeira pode chegar a 48 meses. Antes de chegar ao mercado, o vinho descansa em garrafa por um ano. Este tempo em barricas confere a todos os Amarones um típico toque de oxidação. Tanto as Amarones quanto os Valpolicella podem trazer no rótulo o termo Clássico, significando que o vinho foi produzido na zona central da região, nas localidades de Fumane, Marano di Valpolicella, Negrar, San Pietro in Cariano e Sant’Ambrogio di Valpolicella. O Amarone é encorpado, intenso, tanto nos perfumes quanto nos sabores, e alcoólico. Tão alcoólico que, embora seco, dá a sensação de uma certa doçura. É um vinho encantador, poderoso, a ponto de ter a concentração de um vinho do Porto.
Valpolicella: feito com as mesmas uvas do Amarone: obrigatoriamente Corvina + Rondinella + Molinara e outras. São produzidos cinco estilos distintos de Valpolicella: o Valpolicella (básico), pouco encorpado e vinoso, em geral não envelhecido, e pode originar de qualquer parte da denominação de Valpolicella; o Valpolicella Clássico é de melhor qualidade e refere-se a vinhos provenientes da zona menor e primitiva de Valpolicella; melhor ainda é o Valpolicella Clássico Superior que precisa amadurecer pelo menos um ano para ser comercializado e é feito de uvas melhores; porém existe um Valpolicella de qualidade ainda melhor, de sabores mais intensos e textura mais espessa, chamado deValpolicella Ripasso. Para produzi-lo toma-se o Valpolicella recém fermentado e acrescenta-se o bagaço do Amarone, ou seja, a polpa de sementes e cascas que restaram da fermentação do Amarone. Ele fica em contato com o bagaço do Amarone por algumas semanas (faz-se uma segunda fermentação), e durante esse tempo o vinho adquire mais cor, tanino, sabor e estrutura. O processo é chamado de ripasso, palavra derivada do verbo ripassare, que significa repassar ou passar de novo; o quinto e último tipo de Valpolicella é o Recioto della Valpolicella: é produzido das uvas mais maduras que ficaram em compartimentos especiais de secagem, para que as uvas de tornassem passas e os açucares se concentrassem, porém, enquanto no Amarone todo o açúcar é convertido em álcool, produzindo um vinho seco, no Reccioto della Valpolicella a fermentação é interrompida antes que todo o açúcar seja convertido em álcool, resultando em um vinho doce. De produção minúscula, pode ser sensacional: um vinho opulento e doce, porém sem a doçura da sacarina, ao mesmo tempo sutil e complexo.
- Vinho 1: Barbaresco 2010
- Produtor: Castello di Neive;
- Região: Piemonte;
- Composição: 100% Nebbiolo;
- Teor alcoólico: 14,5%;
- Visual: rubi claro com halos alaranjados, muito límpido e transparente, brilho intenso, denso.
- Olfativo: um pouco fechado, delicado, frutas vermelhas, terroso, menta..
- Gustativo: seco, boa acidez, leve amargor, encorpado, tânico, alcoólico, boa persistência, equilibrado.
- Nota final: 83,5.
- Vinho 2: Barolo Canubi 2009
- Produtor: Fratelli Bergongo;
- Região: Piemonte;
- Composição: 100% Nebbiolo;
- Teor alcoólico: 14,5%;
- Visual: rubi claro com halos alaranjados, muito límpido e transparente, brilho intenso, denso.
- Olfativo: intenso de frutas vermelhas, terroso, tostado, tabaco, especiarias.
- Gustativo: seco, acidez adequada, amargor presente, encorpado, taninos adequados, álcool presente, boa persistência, muito equilibrado.
- Nota final: 88,4.
- Vinho 3: Valpolicella Clássico Superiore Ripasso 2010
- Produtor: Cantine Benedetti;
- Região: Vêneto;
- Composição: Corvina, Rondinella, Molinara e Corvinone;
- Teor alcoólico: 14,5%;
- Visual: rubi, límpido e transparente, brilho intenso, denso.
- Olfativo: torrefação, frutas vermelhas, café, banana, passa, carvalho, defumado, couro.
- Gustativo: corpo médio a encorpado, amargor adequado, taninos adequados, boa persistência, equilibrado, adocicado.
- Nota final: 89,3.
- Vinho 4: Amarone della Valpolicella Clássico 2007
- Produtor: Cantine Benedetti;
- Região: Vêneto;
- Composição: Corvina 40% + Rondinella 15% + Molinara 5% + Corvinone 40%.;
- Teor alcoólico: 16,5%;
- Visual: rubi, límpido e transparente, brilho intenso, denso.
- Olfativo:sutil de tostado, açúcar mascavo, herbáceo. Diferente dos Amarones tradicionais que possuem em geral um aroma intenso.
- Gustativo: encorpado, acidez e amargor adequados, taninos presentes e adocicados, ótima persistência e muito equilibrado. Um Amarone diferente pela presença sutil de taninos.
- Nota final: 92,7.
- Jantar
- Entrada: Cuscus Marroquino no tomate cereja frito no azeite, com confit de hortelã e shitake.
- Principal: Filet mingon ao molho mostarda, arroz selvagem, alho poró e castanha do Pará.
- Sobremesa: creme de abacaxi com crocante de biscoito champanhe.